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Eixos da Curadoria

Mais do que selecionar quais filmes exibir, um dos principais desafios da programação foi escolher quais deixar de fora. Foram muitas as produções importantes que abordaram a personagem da bruxa, e apresentamos aqui uma amostragem significativa, que não se pretende completa, de suas formas e contextos de realização.

A começar com os contos de fadas: "O reino das fadas", de George Méliès, e o clássico "O Mágico de Oz", responsáveis por sedimentar a oposição - estética, sobretudo - entre bruxas boas e más. O cinema de ficção também demonstrou interesse especial por atualizar os processos de caça às bruxas ao final do período medieval. Desse recorte, exibimos "Dias de Ira", de Carl Th. Dreyer, o incrível docudrama do cinema mudo "Häxan: feitiçaria através dos tempos" e o importante longa tcheco "O martelo das bruxas". Outra vertente prolífica está nos gêneros de terror e horror, em particular após os anos 1960, sendo notável o caráter monstruoso do feminino nessas figurações a acompanhar certo desvio moral das personagens. Dentre centenas de títulos, selecionamos obras de mestres do gênero: os italianos Mario Bava e Dario Argento, em "A máscara de Satã" e "Suspiria", e o longa de subtexto "Temporada das bruxas", de George A. Romero. Encerrando este eixo está a bruxa como símbolo de sedução, na influente comédia romântica "Sortilégio do amor".

O segundo eixo se volta para as mulheres que encarnam o perigo dos tempos, em produções de autoria feminina, em especial das últimas três décadas, que expandem a ideia das mulheres mágicas. A começar com singulares contos de bruxas: o lírico "A árvore de Zimbro", "A bruxa do amor", a escancarar os estereótipos misóginos sobre amor e sedução, ou as "eco-bruxas" feministas dos anos 1970 em "Transformations". Já "Feiticeiras, minhas irmãs" é fruto de uma investigação de anos sobre magia, em diálogo com "Covil das bruxas", da artista experimental Maya Deren. Registrando a atual perseguição às bruxas em países de África, "Eu não sou uma feiticeira" cria uma potente alegoria entre a tradição e os valores ocidentais, evocando o nigeriano "Olá, Rain". Um olhar para sensibilidades afroamericanas está em "Amores divididos" e no vídeo "Praise House", da importante diretora Julie Dash. Também exibimos dois contrapontos que não trazem exatamente bruxas ou figurações de magia, mas lutas concretas por direitos e liberdade coletiva que permanece sob ameaça: os documentários "Quem tem medo de ideologia?" e "A dupla jornada". Concluindo a curadoria está um conjunto de curtas que elabora imagens insubmissas, a acompanhar essas existências indomáveis: os brasileiros "Boca de loba", "Kaapora", "Amarração" e, exclusivo na exibição online, "Uma noite sem lua", junto aos estrangeiros "Borderhole e "La cabeza mató a todos".

LADO A:

O cinema e a bruxa: iconografia clássica

SESSÃO 1. Conto de fadas

Victor Fleming (1939, EUA)

SESSÃO 2. Feitiçaria através dos tempos

Benjamin Christensen (1922, Suécia)

SESSÃO 3. Caça às bruxas medieval: releituras históricas

Otakar Vávra (1969, República Tcheca)

SESSÃO 4. Caça às bruxas medieval: releituras históricas

Carl Theodor Dreyer (1943, Dinamarca)

SESSÃO 5. Mulheres monstruosas e cinema de horror

Mario Bava (1960, Itália)

SESSÃO 6. Mulheres monstruosas e cinema de horror

Dario Argento (1977, Itália)

SESSÃO 7. Mulheres monstruosas e cinema de horror

George A. Romero (1972, EUA)

SESSÃO 8. Feitiços do coração

Richard Quine (1958, EUA)

LADO B:

Bruxas contemporâneas: corpos indomáveis, saberes ancestrais

SESSÃO 9. Conto de bruxas

George Méliès (1903, França)

Nietzchka Keene (1990, EUA/Islândia)

SESSÃO 10. Caça às bruxas contemporânea

Rungano Nyoni (2017, Zâmbia/Reino Unido)

SESSÃO 11. A sedução revisitada

Anna Biller (2016, EUA)

SESSÃO 12. Gerações afrodiaspóricas

Kasi Lemmons (1997, EUA)

SESSÃO 13. Política dos comuns e domesticação feminina

Marwa Arsanios (2020, Líbano/Síria)

Helena Solberg (1975, Argentina/Bolívia/México/Venezuela)

SESSÃO 14. Reencantar o mundo

Olinda Muniz Wanderley/Yawar (2020, Brasil)

Hariel Revignet (2020, Brasil)

Julie Dash (1991, EUA)

SESSÃO 15. Feiticeiras, nossas irmãs

Maya Deren (1943, EUA)

Camille Ducellier (2010, França)

C. J. Obasi (2014, Nigéria)

 

SESSÃO 16. Esses corpos insubmissos

Barbara Hirschfeld (1976, EUA)

Bárbara Cabeças (2018, Brasil)

Beatriz Santiago Muñoz (2014, Porto Rico)

Nadia Granados e Amber Bemak (2017, EUA/Colômbia)

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